HOMENAGEM A FURNANDES ALBARALHÃO
Guiando um vonde, gimia inquieto maturnairo
— Ah! Si eu fosse o fiscale aqui dessa meléca...
"de prazere, nem sâi... tumaba uma queméca..."
Mas o fiscale ulhando o vurro do dinhâiro
(Furnandes Albaralhão)
HOMENAGEM A FURNANDES ALBARALHÃO
(Mario Roberto Guimarães)
Quisera o motorneiro ser fiscal,
Deixando de guiar a engenhoca
E de bom grado aceitaria a troca,
Para assentar-se no lugar do tal...
Do escritório o chefe, faminta boca,
Nutria inveja, a sentir-se mal -
Imaginando um dia ser tal qual,
Almejava comer com ânsia louca...
Do superintendente, então, queria
Tomar o posto (disse num sussurro),
Mas este respondeu-lhe sem demora:
Não sabes do sofrer que me apavora,
Enquanto escrevo sempre, como um burro -
Se fosse um motorneiro, que alegria!
Obrigado aos amigos que embelezam esta página com suas interações.
Bom dia, Mario! O soneto é uma obra de mestres artesãos e, você é, sem dúvida alguma, um grande mestre artesão! Parabéns pelo magnífico soneto e pela excelente e merecida homenagem a Furnandes Albaralhão, excelente poeta e fino humorista que escreveu poemas "lusitânus" e compôs deliciosas paródias de poesias de autores nacionais e estrangeiros. Partilho três frases que comprovam seu refinado sentido humorístico. Abraço. * «A lucumutiva é uma mánica que apita, faz varulho, mas que só anda impurrada p'lus bagões.» - Eça de Quáiroz // «A mão táim cinco dedos. A que táim só quatro, falta-lhe um.» - Antero de Quintale // «Digam lá o que dissérem! Mas u arrôto é de uma nicissidade primente e insuvstituibel.» - Niculau Tulintino * (Furnandes Albaralhão)
Outro Ser Se Tornaria,
Grande Porcaria Seria
Sem Toda Sua Magia
E Tão Boa Energia
Tudo Isso Acabaria
Viu Que A Pena Não Valia???
(Vana Fraga)
Grata Ubire as Istrelas
A instrunumia é uma ciência aérea que estuda as rilações internacionais entre os planetas e os seus similhantes.
GINIRAL GRAMONA.
"Ora, dirâis, ubire estrelas... Passo!
"Num póde sêre!" E eu bus dirâi: ? "Aflito
"para ubí-las, acordo, olho p'ru ispaçu,
"tiro a cêra d'ubido com um palito,
"i cumbirsamos, digo-lhe e rupito,
"até que rompe a uróra. Aí, que eu faço?
"Bou miter-me na cama, quensadito,
"com uma dôre infadonha nu queichaço.
Dirâis, agora: ? "Isso é tapiação!
"Cumu é que podes tal cumbersa têre
"cu'as istrilitas que tão longe estão?
E eu bus dirâi: ? "Amâi uma quechópa
"váim nutrida, sucada e habeis de bêre
"e ubire istrelas de pagóde! É sópa!(Furnandes Albaralhão)
(Marllene Borges Braga)