Soneto para Paulo Bomfim
A chama desse olhar que vela e arde
redesenha tatuagens com os dedos,
então parto e regresso de meus medos,
sopros de carícia em fins de tarde.
A ausência do sorriso morde o vento
e no mar de lembranças do marujo
cicia o oco da voz do caramujo
na imagem congelada do momento.
Além da transparência do mistério
há uma ave sem nome pressentida
acenando de longe a despedida,
como se ela mesma fosse essa ponte
entre as distâncias azuis do horizonte
e o profundo saber sem magistério.