... QUANDO NASCE ...
A poesia, quando nasce, as rimas finas
esparrama pelo vão das entrelinhas.
A saudade já não cresce mais sozinha;
pelo tempo, uma esperança descortina,
num futuro que procura, que adivinha.
Ao dormir e ao despertar qualquer menina
tem um sonho e um coração que não combina
com o cinza do borralho da cozinha.
Quando a rama já vai longe e bem viçosa,
batatinhas são colhidas com cuidado
e se enxutas vão render um bom purê...
Adormece o coração e ninguém vê
que o poema tem avesso, um outro lado:
— certo humor que a desventura enfrenta e glosa.
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