... QUANDO NASCE ...

A poesia, quando nasce, as rimas finas

esparrama pelo vão das entrelinhas.

A saudade já não cresce mais sozinha;

pelo tempo, uma esperança descortina,

num futuro que procura, que adivinha.

Ao dormir e ao despertar qualquer menina

tem um sonho e um coração que não combina

com o cinza do borralho da cozinha.

Quando a rama já vai longe e bem viçosa,

batatinhas são colhidas com cuidado

e se enxutas vão render um bom purê...

Adormece o coração e ninguém vê

que o poema tem avesso, um outro lado:

— certo humor que a desventura enfrenta e glosa.

nilzaazzi.blogspot.com.br