O Incrédulo

O Incrédulo

Se a claridade frouxa do crepúsculo

Faz o teu peito encher de tanto amor,

Então, por que não vês o criador?

É a cor! É o vão de todo céu maiúsculo!

É em cada mão a palma, o feito, o músculo.

Ah, meu senhor... Há em tudo algum feitor!

Se vês a imensidão em furta-cor,

O ser maior, o bicho mais minúsculo,

O mar, o peixe, o feixe do arco-íris,

É que se enganas. Sei que quando vires

Escurecer teu dia em plena aurora,

Ao céu dirás: “Meu Deus! Ou lá o que for!

Deixa eu ficar,, te olhar tardar a hora!

És toda tarde! És todo este esplendor!"