UM SONETO AOS PEDAÇOS
Nós necessitamos de um resto expresso
De um pouco de decoro e compaixão,
De um quase amor sem telhado e sem chão,
De um vinho frio numa boca sem nexo.
Mais ainda: reaprendamos a lição,
Quem sabe de uma cantiga ou das flores,
Por Geraldo Vandré num disco em cores
E que já não nos espera mais, não.
Tenhamos filosofias aos pedaços,
Miragens emendadas aqui, ali,
Na falsa esperança de quem sorri.
Então, em um dia de trêmulos abraços,
Mirarmo-nos plenos em cada um,
Em imagens fragmentadas em zoom.
(Luciene Lima Prado)