A razão destas republicações é um agradecimeto público ao amigo Edson Luis Martins, que no sarau do último sábado, em sua residência à qual não pude comparecer, prestou-me honrosa homenagem ao declamar estes três sonetos de minha autoria.
SILOGISMO
Silente e vaga a etérea luz remota
Mitiga a lucidez no escuro abismo
Meu pensamento alude um silogismo
Maior premissa é a verdade ignota.
Cinge-me o peito a fé que me devota
O espírito a prender-me no aforismo
Razão consciente - meu conceptismo-,
Antítese em minh’alma se denota.
Meu ser descrer do argumento hipotético,
Vê na certeza e afirma-se na lógica;
Na inspiração a conclusão concreta:
Todo poeta é um sonhador estético.
Estético eu sou numa idéia gótica.
Logo, se estético eu sonho, sou poeta.
CINZAS DE UM SONHO*
Pois que se cale a voz do sentimento oculto
Adormecendo o tempo, matando a memória.
Fogo de palha ao vento incendiando a história
No imemorial deixando as cinzas do insepulto.
O céu e o mar, a lua e sol te prestam culto
Em fúnebres rituais de dor. E omitem o Glória
Que tu’alma dava ao canto. E era simplória
Uma lembrança minha a vislumbrar teu vulto.
Cala qu’eu escuto a me dizer a voz do vento:
" Este sonho de amor não deve ser lembrado
À luz difusa da ilusão, do não vivido.
Pois se a felicidade eterniza um momento
Se és feliz no presente, rasga o teu passado
Jogas no abismo as cinzas do sonho esquecido."
(* em dodecassílabos).
POETA NASCITUR
Teu poeta sou, por emoção e sina
Razão quem sabe, ou desígnio da sorte
Deixo que tu , poesia, me suporte
Impondo-me à missão que me destina.
Poeta amante sou, tu és Messalina
Dou-te mi’a vida inteira e até a morte
Quando me sinto fraco, tu és forte,
E um doce apelo teu me desatina.
Poesia, eu sou o amante que te entende
Mas me querer talvez seja um defeito
E eu, submisso, atendo ao teu convite...
Ser poeta não se estuda e nem se aprende
Se o amante quando é bom já nasce feito
Poeta nascitur orator vit
SILOGISMO
Silente e vaga a etérea luz remota
Mitiga a lucidez no escuro abismo
Meu pensamento alude um silogismo
Maior premissa é a verdade ignota.
Cinge-me o peito a fé que me devota
O espírito a prender-me no aforismo
Razão consciente - meu conceptismo-,
Antítese em minh’alma se denota.
Meu ser descrer do argumento hipotético,
Vê na certeza e afirma-se na lógica;
Na inspiração a conclusão concreta:
Todo poeta é um sonhador estético.
Estético eu sou numa idéia gótica.
Logo, se estético eu sonho, sou poeta.
CINZAS DE UM SONHO*
Pois que se cale a voz do sentimento oculto
Adormecendo o tempo, matando a memória.
Fogo de palha ao vento incendiando a história
No imemorial deixando as cinzas do insepulto.
O céu e o mar, a lua e sol te prestam culto
Em fúnebres rituais de dor. E omitem o Glória
Que tu’alma dava ao canto. E era simplória
Uma lembrança minha a vislumbrar teu vulto.
Cala qu’eu escuto a me dizer a voz do vento:
" Este sonho de amor não deve ser lembrado
À luz difusa da ilusão, do não vivido.
Pois se a felicidade eterniza um momento
Se és feliz no presente, rasga o teu passado
Jogas no abismo as cinzas do sonho esquecido."
(* em dodecassílabos).
POETA NASCITUR
Teu poeta sou, por emoção e sina
Razão quem sabe, ou desígnio da sorte
Deixo que tu , poesia, me suporte
Impondo-me à missão que me destina.
Poeta amante sou, tu és Messalina
Dou-te mi’a vida inteira e até a morte
Quando me sinto fraco, tu és forte,
E um doce apelo teu me desatina.
Poesia, eu sou o amante que te entende
Mas me querer talvez seja um defeito
E eu, submisso, atendo ao teu convite...
Ser poeta não se estuda e nem se aprende
Se o amante quando é bom já nasce feito
Poeta nascitur orator vit