Verdade da poesia
Verdade da poesia.
Se meus versos carregam tristeza
Não traduzem minha verdade
Se oculto sentimentos com sutileza
Neles coloco minha cumplicidade
Que poder tem a poesia se não sangrar?
Sentimentos adormecidos embalados
Em papeis empoeirados dos cuidados
Que a boca cisma em não declarar?
Vive o poeta esta dualidade
De escrever o que sente e não mente
Aos olhos da complexidade
Se os versos não levam realidade
Ficam nas entrelinhas certamente
Sentimentos de indivisibilidade.
Ps.
Na postagem anterior viram tanta tristeza,que me assustei,rsrs.
O texto foi uma participação num blog,onde dever-se-ia fazer uma parodia ou parafreseado de um texto e eu usei do Fernando Pessoa:"Coroai-me de rosas" onde ele usa o heteronimo de Ricardo Reis em "Odes".
Ei-lo:
Coroai-me de Rosas
Coroai-me de rosas,
Coroai-me em verdade,
De rosas —
Rosas que se apagam
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Coroai-me de rosas
E de folhas breves.
E basta.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Toninho
14/02/2011.