O ESTUPRO DA SOCIEDADE

Uma pequena sombra é manchada pelo véu da noite

É sim, postulada na embevedez do tempo em miúdos

Enlouquecida pela figura sinistra de lábios carnudos

Marcada com ferro e ferida a golpes de açoite

A menina pálida que caminha no breu da noite

Na penumbra que esconde as marcas de seu rosto

Poderia um ser humano tao animalesco ter tal gosto?

Infame como um estupro que lhe toma seu pernoite

Maculada por seus inimigos na sensação de ser normal

E que não fosse, misturasse com o que não é

Seria de tal gosto uma vil artimanha carnal?

Te peço sua tola pureza que já não existe mais

E desejo que ainda tenha um pouco de si e de mim

Pra que alguém possa te amar, ainda que seja como animais

Graciliano Tolentino

Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 15/02/2011
Código do texto: T2792851