O ESTUPRO DA SOCIEDADE
Uma pequena sombra é manchada pelo véu da noite
É sim, postulada na embevedez do tempo em miúdos
Enlouquecida pela figura sinistra de lábios carnudos
Marcada com ferro e ferida a golpes de açoite
A menina pálida que caminha no breu da noite
Na penumbra que esconde as marcas de seu rosto
Poderia um ser humano tao animalesco ter tal gosto?
Infame como um estupro que lhe toma seu pernoite
Maculada por seus inimigos na sensação de ser normal
E que não fosse, misturasse com o que não é
Seria de tal gosto uma vil artimanha carnal?
Te peço sua tola pureza que já não existe mais
E desejo que ainda tenha um pouco de si e de mim
Pra que alguém possa te amar, ainda que seja como animais
Graciliano Tolentino