Sina
Agulha, linha e dobra de costura,
barcos à vela em ventos peregrinos,
passageiros de sonhos clandestinos
vão como sombras pela noite escura.
As horas soam badalando sinos
na cabeça que dói feito fratura
de cefaléias crônicas, sem cura,
que nos pesam assim desde meninos.
São birutas febris de desatinos
de vaidades roubadas da impostura
que só giram memórias de tortura.
Distância transparente dos destinos
dilacera a lembrança da textura,
redesenha os caminhos da loucura.