LONGEVIDADE

Hoje, espiando o tempo, eu mal raciocino…

Vilão maior do mundo engole, absorve tudo.

Vejo meus filhos, olho-os inquieto e mudo,

Uma velha e um velho em cada um menino…

Vejo os amigos pasmo. A voz triste do sino,

Badala aqui e ali… E já não há entrudo

Nem carnaval nem nada. O que ontem foi graúdo,

Hoje é insignificante, humilde, pequenino.

Viver é bom, mas dói. Dói a longevidade,

A paciência encurta e encurta a vaidade.

Constrange, humilha, abate o moral e faz pena…

As articulações, as pernas, as mil rugas…

As lágrimas e o dó… Homem, jamais enxugas

As lágrimas da idade… E eis a megera à cena!

10.02.010.