SUPREMA DOR

Quando a suprema dor muito me aperta

Para que sinta mais o mal presente

Assim de erro tão grave me desperta,

Deixa-me, se queres, viver contente.

Se de todo, contudo, está o fado

Que mostra ser engano ou fingimento

E todo mal venha por cuidado

À luz do bem como um entendimento.

Um bem que, ainda sem te ver, reconheço

Que muito melhor é perder-se a vida,

Perdendo-se as lembranças da memória.

Ditosa é, logo, a pena que padeço

Porque, enfim, nada perde quem perdida

A esperança já tem de minha história.

Marísia Vieira
Enviado por Marísia Vieira em 05/02/2011
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