Lápide

Eu pude ver tua lágrima em desespêro

Implorando à tua alma alforria

Por fora, bem eu sei, você sorria

Mas era um riso fosco, de exagêro.

A portas de teus braços, tu abria,

O coração, esse, do amor, não viu tempêro,

A face, ele virou com exaspêro,

Enquanto, uma outra, o encobria.

Servia, o bom disfarce, eu diria,

Não fosse um olhar, sutil, mas áspero,

Que, ao canto, do teu olhar, se desprendia,

Deixando, algo ali, viver sincero,

Dentro de tua lápide, escura e fria,

Onde escolheste estar, de modo austero.