Chuva
Fagner Roberto Sitta da Silva
Chuva cantando leve no telhado
velha e lenta canção dos tempos idos
foi trazendo de volta meus vividos
momentos com o brilho do molhado...
Foi trazendo os instantes esquecidos,
tudo aquilo que achava naufragado,
e os colocou enfileirados lado
a lado como livros todos lidos.
Em qual deles guardei a minha face
primeira, diferente desta imagem
que o tempo lentamente foi moldando?
Deitado aguardo o lento desenlace
da chuva, desta noite e da viagem
como se a vida fosse navegando...
02 de fevereiro de 2011.
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Publicado em Jornal Comarca de Garça em fevereiro de 2011.
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Muito obrigado pelos comentários e pela maravilhosa interação, poeta Odir! Um dia, ora para isso, estarei poetando tão perfeitamente como você!
CHUVA
Odir, de passagem
(Acompanhando o poeta Fagner em seu belo soneto "CHUVA")
Chove o pranto dos astros escondidos
entre nuvens das cores do abandono.
Há invernos sismais dos meus sentidos,
quais folhas secas parentando outono.
A noite silencia os alaridos.
Luzes mortiças chamam pelo sono.
Passantes, poucos, passam refletidos
pelo asfalto, tal qual papel-carbono.
Em meu quarto, no sol da luz acesa,
convido a vida a conversar comigo,
para sentar comigo à minha mesa.
Mas chove em minha rua, e só consigo
a vã visitação de mais tristeza
carpindo chuva, a me pedir abrigo...
Jpessoa, 02.02.2011