O TEMPO
Vejo-te, espelho de minha alma,
em manchas de ferrugem decadente
em cacos - que colados ao presente,
a fúria do passado não acalma.
Refletem-me na tela companheira
imagens - recortadas em gravuras,
qual múmia, em precipício, já à beira.
Nos ombros, tão pesadas amarguras.
Desenho em grafite os meus olhos,
a boca, nas bochechas preguiçosas,
as marcas do viver, nessa moldura.
Mas dizem que o que foi não volta mais
e o Tempo apaga a tinta da pintura.
Espelhos... por que são todos iguais ?
Publicado no Recanto das Letras em 08/11/2009
Código do texto: T1912300
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