Soneto-eu

Pouco importa onde tocam minhas mãos,

onde pisam os meus pés, ou, por ventura,

o que sente ou deixa de sentir meu coração:

– O que minha vista alcança é desventura!

Os meus sonhos são de nuvens, poesia e mel.

Em minha alma, não existe nenhuma grandeza.

Ah, Pobre alm’inha! Toda ela é como sou eu:

(Nesta vida de espuma) a quase nada almeja.

Eu, que não consigo ter, sequer, amor próprio,

nesta vida, não valho o peso de uma pluma.

Não me vejo uma criatura – Sou um micróbio.

Estou longe, fora; Não me quero no cerne.

Na insignificância dos meus sonhos,

quisera ser rei, e não passo de um verme.

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 22/01/2011
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T2745965