Soneto-eu
Pouco importa onde tocam minhas mãos,
onde pisam os meus pés, ou, por ventura,
o que sente ou deixa de sentir meu coração:
– O que minha vista alcança é desventura!
Os meus sonhos são de nuvens, poesia e mel.
Em minha alma, não existe nenhuma grandeza.
Ah, Pobre alm’inha! Toda ela é como sou eu:
(Nesta vida de espuma) a quase nada almeja.
Eu, que não consigo ter, sequer, amor próprio,
nesta vida, não valho o peso de uma pluma.
Não me vejo uma criatura – Sou um micróbio.
Estou longe, fora; Não me quero no cerne.
Na insignificância dos meus sonhos,
quisera ser rei, e não passo de um verme.