O BOTÃO DE ROSA QUE NÃO ENVELHECEU

A flor que nos fascina viva no jardim

e somente a cheiramos sem sequer colhê-la

demora mais tempo a murchar e a morrer. Tê-la

num jarro é condená-la a abreviar seu fim.

Perderá logo o brilho e ficará ruim.

Será triste no lixo, sem demora, vê-la,

ela que um dia cintilou tal uma estrela.

Se ela tivesse voz gritaria: - Ai de mim!

Lembro-me de um botão de rosa num distante

jardim, há muito tempo, a desabrochar, lindo,

que me encantou bastante com sua meiguice.

Mas eu não quis colhê-lo. Não quis ser pecante.

Seu desabrochar nem estava ainda findo.

Ainda o vejo na lembrança sem velhice.

(19/05/2005)

Almir Câmara
Enviado por Almir Câmara em 22/01/2011
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