Soneto para os poetas mortos
Noite alta no cemitério antigo.
Sombras tortas de cruzes pelo chão.
Restos de luar espiam no desvão
Das portas dos jazigos.
Um vento fino sopra nas folhagens.
Uma escura nuvem cobre a lua.
Numa dança orgíaca de imagens
Bailam mortas nuas.
Tudo é quietude e calma.
Dormem todas as almas
E das lajes frias, tétricas,
O que ainda me dá medo
São poetas mortos a bater os dedos
Marcando suas métricas.