A BESTA HUMANA
"Ri, coração, tristíssimo palhaço."
Cruz e Sousa
Ri-se da dor a irônica demente.
Gargalha e ri com sorriso azedume
Ri-se a louca num histérico ciúme
Ri da felicidade que não sente.
O riso lhe disfarça a dor presente
N’alma que finge o amor que o olhar presume
Ocultando o recalque que resume
Um olhar risonho, n’alma descontente.
Irônico sorriso que disfarça
A infelicidade até num canto
Que ilude a todos, mas a si não engana.
Rangendo um falso riso de desgraça
A face ri quando' alma oculta o pranto
Com toda graça de uma besta humana.
Hermílio
O título, uma homenagem a Émile Zola,
um dos meus escritores preferidos.
*Foto: Google.