INOCÊNCIA
Enquanto sua fome matava
Resto de trapo rodopiava na valeta
Moscas, ratos, vermes o espaço tomava.
Emboscada de males fervilhava na sarjeta.
Raquítico no lixo cambaleava
Roto, singelo, faminto sem faceta.
À cata de migalhas se esmerava
Malabariando entre lixo de receita.
Rosto sujo, olhos irrequietos.
Saco nas mãos, saco vazio.
Veste trapos, no caos do lixo aberto.
Vê! É apenas mais uma criança
A andar atrás junto um cão vadio
Que vê na lata do lixo a esperança.
Ananindeua, 09/2/08 – 14h14.