NÓS DOIS E A PÉTALA
Entre as folhas da agenda, a pétala, escondida,
ocultava, mui triste, o meu doce segredo;
a sua palidez guardava a despedida
daquele amor risonho e pleno de folguedo.
Com imenso calor, embora envelhecida,
aos meus olhos lembrava a ilusão de um enredo
só por nós dois vivido. E muito ressentida,
eu lamentava a dor de te perder tão cedo.
A pétala sem vida, escondendo o amargor
que dentro do meu peito era tão grande clamor,
descolorida, aos céus rogava só piedade.
Sentindo-a assim tão perto, eu tinha só saudade;
e, apenas por lembrar momentos fascinantes,
eu lamentava agora o fim de dois amantes...
(Soneto alexandrino)