VELAS ACESAS
Odir, de passagem
Empresta-me, passado, o teu sorriso
para que eu possa rir dessa tristeza
de ser poeta, quando mais preciso
de poder ser preciso ante a pobreza.
Pois enquanto eu decanto o paraíso,
há uma vela para um morto acesa,
fruto da fome, que sem mais aviso,
cortou-lhe a água, devastou-lhe a mesa!
Empresta-me, passado, um novo nome
que se dê ao massacre das crianças
do Nepal, da Somália, onde se come
bolos de barro, a lhes encher as panças
para matar o que lhes mata: a fome,
para nutri-los de desesperanças!
JPessoa, 11.01.2011
Odir, de passagem
Empresta-me, passado, o teu sorriso
para que eu possa rir dessa tristeza
de ser poeta, quando mais preciso
de poder ser preciso ante a pobreza.
Pois enquanto eu decanto o paraíso,
há uma vela para um morto acesa,
fruto da fome, que sem mais aviso,
cortou-lhe a água, devastou-lhe a mesa!
Empresta-me, passado, um novo nome
que se dê ao massacre das crianças
do Nepal, da Somália, onde se come
bolos de barro, a lhes encher as panças
para matar o que lhes mata: a fome,
para nutri-los de desesperanças!
JPessoa, 11.01.2011