O INDIFERENTE TEMPO
Vês as nuvens nas inquietas pastagens?
Luzes das cidades que se apagam
E como por um instante nada muda.
Quando despimos a noite de azul?
Vês os mares prostrarem-se às margens?
Quando os poderes não entendem que se vão,
Dores e amores vêm no ventre da partida.
Donde se escondem os mares do sul?
E como num soneto se despede a dor
Cantando às saudades tão sentidas
Dos amores cheios de palavras ora caladas.
E se vão os mares se acalmarem no céu
E se vão os deuses afogarem-se em fel
E o soneto não terá importância nem sentido.