sem título.

a chuva vai caindo sobre o asfalto

o negro salpicado de brilhantes

apenas passa um tímido, ao longe, auto

as gotas se espatifam inconstantes

na luz cinzenta e fria vi de assalto

a mancha d’óleo como nunca eu antes

a vira, ali no chão com brilho e fausto

arco-íris feito em flores delirantes

olhando aquelas cores escorrentes

notei que muitas vezes encontramos

aquilo que sentimos em correntes

que prendem a noções que deturpamos

nos úmidos porões de nossas mentes

beleza brota em improváveis ramos.