Soneto aos Desatentos
Ouvindo a solidão, triste lamento,
Murmura aqui pertinho, ao pé do ouvido,
Sem saber se é amigo ou inimigo,
Sem saber se é vaidade ou se é tormento.
No solstício do ano que se acaba
Um novo amor antigo se revela
Como sol que se mostra na janela
Como os pés, que se arrastam pela casa.
Se em todo mal há mal, amor e fogo
E em todo amor o fogo se revela
Dividido, voraz e compulsório,
Entrego-lhe a razão, dona do novo,
Entrego meu amor, somente a ela
E entrego minha vida ao transitório.