NÓDOA

Quanto queria iluminar meus tons sombrios,

lograr a cura das mazelas necrosadas

que então se alastram pouco a pouco nos meus brios,

pesando em dor e me impedindo as escaladas!

Tanto desejo não sofrer mais dias frios

dentro de mim, nas emoções tão consternadas

que às vezes nevam no meu peito, aos calafrios;

fado cruel, sangrando a alma em chibatadas!

Eu quero ser, do bem viver, fiel arauto,

secar vestígios de arrogância, ser mais cauto

com as pessoas, entendê-las, respeitá-las.

Mas essa nódoa, fel rançado, fé poluta,

que contamina-me as entranhas, vil, astuta,

ela revela que eu não sou capaz de amá-las.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 02/01/2011
Código do texto: T2704240
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