NÓDOA
Quanto queria iluminar meus tons sombrios,
lograr a cura das mazelas necrosadas
que então se alastram pouco a pouco nos meus brios,
pesando em dor e me impedindo as escaladas!
Tanto desejo não sofrer mais dias frios
dentro de mim, nas emoções tão consternadas
que às vezes nevam no meu peito, aos calafrios;
fado cruel, sangrando a alma em chibatadas!
Eu quero ser, do bem viver, fiel arauto,
secar vestígios de arrogância, ser mais cauto
com as pessoas, entendê-las, respeitá-las.
Mas essa nódoa, fel rançado, fé poluta,
que contamina-me as entranhas, vil, astuta,
ela revela que eu não sou capaz de amá-las.