DERRADEIRAS FLORES.

Murcham as roas em meu peito, desordenadamente,

como se a última pétala, desfalecesse e sem dar semente.

Murcham, mesmo os antúrios, mal adaptados,

sufocados ao saber de sentimentos apaixonados.

Ah, cada rosa que floriam os campos, hoje, sem vida !

é como se as estrelas e o sol, desabassem em despedida

derradeiramente e em agouro, onde soava doçura,

a refletirem em gestos de dor, impregnado de amargura.

Rosas, eis que foram um esteio, o meu palco de luz,

hoje se manifestam em sacrifícios, condenando-me à cruz...

Fui poeta; o teu jardineiro silencioso e voraz,

ante os olhos de quem me viu doce, julga-me incapaz...

Morte às pétalas, aos músculos e aos sentimentos,

ah, poeta, morrem em ti, as lembranças de belos momentos.

Rio de Janeiro, 28 de Dezembro de 2010.