A MENTIRA II
José Neres
Assim como em esgoto ou lixo imundo
Nunca se deve tocar, o passado
Também deve ficar preso no fundo
Da memória sem nunca ser tocado.
Ao tocar-se nele sobe um vapor
De podridão que pode sufocar
Até mesmo o mais puro e nobre amor
E fazê-lo deixar de respirar.
Quem se constrói sobre mentira tanta
E que faz da mentira sua santa
Não diz verdade nem quando o amor pede.
Há quem viva o tempo todo em um nicho
De mentiras. Tal passado é como lixo.
Quanto mais se mexe mais ele fede.