Brado natalino
Não vou ganhar presente de Natal,
não tenho sapatinhos, nem janela,
pois durmo nas calçadas da capela,
sou fruto desse mundo desigual.
Eu trago em mim as marcas da mazela,
que herdei da escravidão colonial
e do abandono, imenso e estrutural,
que agora se renova na favela.
A minha vida é chama de uma vela,
que frágil pulsa em meio ao vendaval,
ninguém escuta o meu grito ancestral,
que é eco dos mil brados de Mandela.
Escravos no passado e sem devir
não têm Natal, razão para sorrir.
Brasília, 22 de Dezembro de 2010
Livro: Cantos de Resistência, pg. 46
Não vou ganhar presente de Natal,
não tenho sapatinhos, nem janela,
pois durmo nas calçadas da capela,
sou fruto desse mundo desigual.
Eu trago em mim as marcas da mazela,
que herdei da escravidão colonial
e do abandono, imenso e estrutural,
que agora se renova na favela.
A minha vida é chama de uma vela,
que frágil pulsa em meio ao vendaval,
ninguém escuta o meu grito ancestral,
que é eco dos mil brados de Mandela.
Escravos no passado e sem devir
não têm Natal, razão para sorrir.
Brasília, 22 de Dezembro de 2010
Livro: Cantos de Resistência, pg. 46