Nossos Sonhos
Meu tempo de rapaz, já tão distante,
chega-me às vezes em rápidos lampejos
em que a memória pinça algum instante
do que era um poço de sonhos e desejos.
Tantos planos, ideaís, visões futuras
de quando a imaginação não tinha freios,
e só se enxergava o fim das aventuras
sem a preocupação de achar os meios.
Os arroubos que inflamam a mocidade
vão se apagando aos poucos com a idade
e paramos pra pensar, em vez de agir.
Só as rápidas lembranças, lampejando,
nos fazem uma outra vez ficar sonhando,
e sonhar é bem melhor do que dormir.