CASTANHOS
E é-me tão nítido esse tempo lindo...
Luas... auroras... Posso até retê-las
Nas mãos, o seu tamanho comprimindo!
[...]
E em teus cabelos debulhando estrelas!
[Humberto Rodrigues Neto]
Os teus cabelos fartos tão castanhos,
Deitados na penumbra dos meus dedos,
Naquelas belas horas, doce antanho,
Em que tudo, meu amigo, eram folguedos.
Sim... um amor tão vasto, tão tamanho,
Que pra ti, eu dediquei como o meu credo,
Agora com saudades eu me apanho,
Queimando no infortúnio de um degredo!
Em sonhos ainda toco teus cabelos
Num gesto de ternura sempre aflito,
Buscando-te voraz, com atropelos,
Em transe sigo louca no meu grito.
Movendo mundos, faço meus apelos,
Nas sendas trepidantes do infinito.