Oração poética
Se sob a égide do dom supremo a mim confiado,
Desfiado em rosário o sentimento e a insânia
Sobre mim não recaia, o quê, dissimulado
Se revista de glória ou mesmo a vil infâmia.
Se vassala servil de devanear constante
Minha fronte febril reflita a vida
Ou somente se entregue delirante
Aos delírios dos sonhos, sem medida
Não me ataque a razão, imagem fria
Que doçura roubou da poesia
Que teci nos meus dias tão iguais.
Que o céu me permita sempre mais.
Em felizes agouros meus astrais
E a verdade não roube a fantasia.