Soneto à infância profanada

E cria em todos, neste mundo, em tudo cria,
até que a vida fosse só amor, bondade,
menina, casta e pura, um anjo, na verdade,
um sol que irradiava tanta paz, poesia.
 
Trazia em si a luz do mais formoso dia,
na sua alma não trazia ódio, dor, maldade,
e saltitando pelas ruas da cidade,
uma a expressão de pura fé e de alegria.
 
Até que se quebraram todos os encantos,
violentada foi, não só por um, por tantos,
e nunca mais sorriu, chorou ou disse nada...
 
Tornou-se escura sombra, murcha, pelos cantos,
e nada mais restou da infância profanada,
além da imensa dor, da eterna madrugada.

Brasília, 16 de Dezembro de 2010

Livro: Cantos de Resistência, pg. 56

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 16/12/2010
Reeditado em 02/08/2020
Código do texto: T2675495
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