A dor da pele
Pensei ser de outra cor, muito distante
Essa que em mim carrego. É de outras eras...
É cor da história, sal da hora mutante,
A genesis do Livro das Esferas.
A minha cor se abranda... Quem diria!
Saída de um borralho, quis ser nobre.
Meus olhos esmeraldas - poesia!
Minha alma, o verso triste - ouro e cobre.
Ó tom que me és estranho, o decomponho
Em epopeicas lutas... Muitas vidas!
E, nelas, aos milhões, eu tive um sonho:
Vi, na luz, o indizível a espalhar-se,
Nas sombras frias das peles sofridas:
O homem se formando, a consolar-se.
Canoas, dezembro de 2010/RS