Soneto sujo
A tua imagem me causa
um profundíssimo nojo.
De tão negro em seu despojo,
meu coração se tem em pausa.
Tens o cheiro da repugnância
impregnado em minhas narinas;
Como é pouca tua importância...
Oh, tu, ave de rapina!
Teu nome em minha boca
tem o gosto do que é podre
e que ressoa - em meio à náusea -
[da minha voz rouca
Tua tez, teu corpo todo nu,
teus cabelos, teus dentes, dou
[numa bandeja
de alimento aos urubus...
(A Augusto dos Anjos)