Às Panteras Tredas

Está sobrando tempo em mim, vos digo,

E meu além-vida que se aproxima

Traça o sertão seco da minha vida,

Sobre as pestanas cruas do meu abrigo.

E quais quimeras me não são amigos?

Qual pantera escabrosa não se anima

Ao ver aqui um ser que se lastima

Buscando na lira o último abrigo?

Querem por certo o tempo que me resta,

E por certo o terás, tredo alabastro,

Como à cera da vela que ora crestas.

Mas quando cerrar minha triste estrada,

Lá de cima, dentre todos os astros,

Ei de amaldiçoar tua vida farsada.

Disponível em: http://www.parnasoemfuria.blogspot.com/