FINGIMENTO
As minhas lágrimas parecem sumidas,
Os meus lábios fingem estar sorrindo,
Os meus olhos choram as escondidas,
Minha boca nervosamente contraindo.
Não posso sentir nunca que sou feliz,
maS tenho que representar no fingimento,
Fazer de conta que sou uma grande atriz,
Para não expor meu tamanho padecimento.
Vou assim vivendo levando o desencanto
De ter que viver só, no distante passado,
Onde as sombras passeiam de verdade.
Lá não é preciso fingir. Tenho o meu canto
Onde guardo minhas lembranças com cuidado,
Muito longe numa redoma chamada saudade.
DIONÉA FRAGOSO