MULATA
Quero a mulata, imperatriz do solo,
tataraneta da africana escrava.
E tenho orgulho dessa amante ignava,
crioulo ao seio, português ao colo.
Teve um senhor ao mesmo tempo escravo
e amamentou irmãos de pai. Na escola,
mestra dos contos do país d´ Angola,
é a mãe, de fato, deste povo bravo.
Que brasileiro nega o sangue d´África?
Sentado nas poltronas de uma sala,
quem não confessa a origem da senzala?
Bendito o sangue que nos deu o tráfico,
e, confundido o português e o áfrico,
criou a mulata que o amor regala!