Vem a noite trazendo a saudade
A soluçar em meio a madrugada
E a angústia, calada, não diz nada
Doendo quieta a difusa realidade
 
Meus olhos tateiam a noite escura
Onde o silêncio fala dentro de mim
Brotam no ar as flores da amargura
E cada flor vai desfiando o meu fim
 
Os ledos sonhos que um dia eu sorri
Ensimesmados desfolharam pelo chão
São pétalas pétreas caídas no caminho
 
São os mistérios das coisas que não vivi
São os dias transformando tudo em vão
São a melancolia a chamar-me "o sozinho"