AMIGO INCONDICIONAL
Odir, de passagem

Um cão aguarda, em frente ao bar, o dono
que, comumente, à noite, se embriaga.
Junto a uma vala guarda a sua vaga
e mais se coça pra fugir do sono.

Da rua nunca o deixa no abandono,
muito embora ele o chute e rogue praga.
Se o expulsam, quando a mente apaga,
é seu maior amigo e seu patrono.

Do bar abre-se a porta. Um rapazola
ao ébrio empurra para o meio-fio,
e lhe põe mais cachaça na cachola.

Quando se vai, o cão rosna bravio,
invade a vala e o pega pela gola,
premendo-o nos pêlos contra o frio.

Amigo que aos amigos extrapola,
embora sendo simples cão vadio!

JPessoa, 28.11.10
oklima
Enviado por oklima em 28/11/2010
Código do texto: T2642384
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