ESMOLEIRO DO AMOR

ESMOLEIRO DO AMOR

Por tantos anos lastimando a solitude

migrei por mundos femininos em vão

com palavras e galanteios e ingestão

dos sapos da vida dos sabores mais rudes.

Se remo e sem rumo, à deriva o coração,

singrou em mares salgados e doces açudes;

das lindas promessas de amor colhi as que pude

qual cardo que infesta a seara e espinha a mão.

Mas como o mundo que ensina é suma escola,

por lente e mestre eu tive uma vida de dor;

comi as migalhas do amor de esmola em esmola.

Degusto agora, já idoso, o doce sabor

do sonho da vida a dois – e a paz cantarola –

a câmbio de insones horas, buscando amor.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 23/11/2010
Código do texto: T2631715
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