ESMOLEIRO DO AMOR
ESMOLEIRO DO AMOR
Por tantos anos lastimando a solitude
migrei por mundos femininos em vão
com palavras e galanteios e ingestão
dos sapos da vida dos sabores mais rudes.
Se remo e sem rumo, à deriva o coração,
singrou em mares salgados e doces açudes;
das lindas promessas de amor colhi as que pude
qual cardo que infesta a seara e espinha a mão.
Mas como o mundo que ensina é suma escola,
por lente e mestre eu tive uma vida de dor;
comi as migalhas do amor de esmola em esmola.
Degusto agora, já idoso, o doce sabor
do sonho da vida a dois – e a paz cantarola –
a câmbio de insones horas, buscando amor.