Vingança
Diálogo com Augusto dos Anjos
Pois que me escarre a boca que beijei!
Já não me importa mais a ingratidão,
se amar, sofrer, chorar tem sido em vão,
e se de mim, eu própria, já não sei;
e que me atire a pedra aquela mão
que um dia, com ternura, tanto amei,
se mil carícias dela desejei,
nem creio mais no grande amor, paixão;
e nada mais me atinge ou desespera,
à tua ingratidão não dou guarida,
nem causam, dentro em mim, qualquer ferida.
Não pode, não, sofrer, quem nada espera,
quem já não sonha, não tem mais quimera,
e já não crê no amor, na própria vida.
Brasília, 22 de Novembro de 2010.
Livro: Sonetos Diversos, pg. 111
Diálogo com Augusto dos Anjos
Pois que me escarre a boca que beijei!
Já não me importa mais a ingratidão,
se amar, sofrer, chorar tem sido em vão,
e se de mim, eu própria, já não sei;
e que me atire a pedra aquela mão
que um dia, com ternura, tanto amei,
se mil carícias dela desejei,
nem creio mais no grande amor, paixão;
e nada mais me atinge ou desespera,
à tua ingratidão não dou guarida,
nem causam, dentro em mim, qualquer ferida.
Não pode, não, sofrer, quem nada espera,
quem já não sonha, não tem mais quimera,
e já não crê no amor, na própria vida.
Brasília, 22 de Novembro de 2010.
Livro: Sonetos Diversos, pg. 111