SEGUNDO SONETO DE AMOR

Foi como se houvera sido sempre,

e hoje eu já não sei mais dizer o 'quando',

porque só há presente em mim o 'quanto'

e não há nada mais que importe ou lembre

do tempo – esse inimigo tão presente,

do medo - o companheiro que aparece

formando a teia que o destino tece

(que a gente ainda não vê, mas já pressente),

do que está por vir. Eu sei que existe

sabor amargo nessa festa triste

de entrar no azul sem fim e, então, perder

o que era pleno, claro e infinito,

como quem prende na garganta o grito,

ante-sentindo o quanto vai doer.

Cliz Monteiro
Enviado por Cliz Monteiro em 15/11/2010
Código do texto: T2616024
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