SEGUNDO SONETO DE AMOR
Foi como se houvera sido sempre,
e hoje eu já não sei mais dizer o 'quando',
porque só há presente em mim o 'quanto'
e não há nada mais que importe ou lembre
do tempo – esse inimigo tão presente,
do medo - o companheiro que aparece
formando a teia que o destino tece
(que a gente ainda não vê, mas já pressente),
do que está por vir. Eu sei que existe
sabor amargo nessa festa triste
de entrar no azul sem fim e, então, perder
o que era pleno, claro e infinito,
como quem prende na garganta o grito,
ante-sentindo o quanto vai doer.