O POETA* [CCLIV]
(A todos os poetas do Recanto
das Letras)
Capinas na seara da palavra...
Dela retiras o melhor da essência;
e, mais ousando, pondo paciência,
captas a vida, ainda seja magra.
Em teus afãs, não há maledicência;
tu vives do que crias, tua lavra,
a tua quinta só que te consagra,
donde sacas o néctar da existência.
E tu cantas, traduzes, orientas,
decifras tudo o que mistério for,
só não aceitas pulha às tuas ventas.
Altivo ser, vivente o mais cantante,
tu tens o dom de realçar o Amor
e grátis pô-lo à voz de todo amante.
Fort., 14/11/2010.
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(*) Não sou poeta, apenas versejo.
Um versejador marruá que não a-
ceita desleixo formal. Este soneto
está lavrado em decassílabos sáfi-
cos e heroicos, sem fuga à versifi-
cação tradicional.