NEGOCIAÇÃO [CCLIII]

Teimas comigo a declamar afagos,

e já bem sabes por quem me derramo;

nos lábios teus, uns táteis ‘eu te amo’

fazem de mim o cético dos magos.

De ti, teu doce nome o que mais chamo:

em mim resultam só os teus estragos,

tanto as saudades tuas são meus pagos

e a solidão o status que eu proclamo.

Não há segundo em que te não reclame;

de tanta guerra que me vem no interno,

eis fuzuê que exorta a que me inflame.

Mas sei de cor, também, e com clareza,

que já terei por ti meu bem eterno

– precisas vir da paz à minha mesa.

Fort., 09/11/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 09/11/2010
Reeditado em 09/11/2010
Código do texto: T2605439
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