Soneto Destoado
Dos males o menor, ou ao menos, o mais ameno
Dos sonhos o mais breve, mesmo assim o mais intenso
Dos olhares o mais comedido e no entanto, o mais profundo
Dos amores o mais simples, mas no qual ainda penso
Das vidas divididas, a maior dívida ao acaso
Dos acasos ocorridos, o mais voraz e singular
Dos sorrisos mais sinceros, preferi o mais discreto
Dos amigos de toda hora, preferi o menos sensato
Das poesias que escrevi, preferi aquelas sem rima
Das aventuras que vivi, as sem regra é que guardei
Dos livros que já li, os menores me encantaram
Das músicas que ouvi, prefiro as que não decorei
Dos filmes que adorei, gostei dos que pouco vi
Dos sonetos que rascunhei, este é o que prefiro.
Não pense que é só por ser de minha própria autoria
É que há tempos quero escrever algo que fuja um pouco à regra
Não que eu seja um rebelde, pois rebeldes costumam ter causa
Se gostaram do soneto, saibam que muito me alegro
E muito mais ainda me alegraria saber que não gostaram!