Sombras e luzes

A minha vida pulsa entre dois extremos:
às vezes, sou a garça, a revoar nos céus,
serena, a deslizar, por entre rendas, véus,
na vastidão sem fim, do encanto e amor supremos.
 
Mas, outras vezes, sou serpente que rasteja,
e, por instinto, só destila fel,  veneno,
a peçonhenta,  neste mundo, vil, pequeno,
um ente hostil, que sente raiva e que fraqueja.
 
Quisera ter em mim, o bem, que à paz conduz,
desconhecer o visco, o lodo e a loca escura,
quisera ser, somente, garça livre e pura.
 
E tal pulsar sem fim, intenso, me tortura,
porque existir, em meio a tanta sombra e luz,
aumenta o meu penar, é meu dilema e cruz.
 
Brasília, 07 de Novembro de 2010.
Livro: Sonetos Diversos, pg. 66

 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 07/11/2010
Reeditado em 20/08/2020
Código do texto: T2601681
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