IMPORTUNO MAR

Tu, mar infindo - eu, pequeno grão d’areia.

Vens e retrais os teus cios pelas brumas brancas

Que sobre mim seu frenético gozo ondeia

E a um gosto amargo de sal inda me espancas.

Vejo-te dobrar nos longínquos horizontes

Em veredas bruscas às direções dos ventos

E quando chegas despejas aos brutamontes

Gigante fúria em indefesos grãos relentos.

Ó, vil mar! – Por que das pedras não te deleitas?

Tão meigo as alisa em embalos tão serenos!

Depois te fazes bruto e sobre mim te deitas.

Eu me definho, mas, por ti sempre me arrasto

E mais profundo vou ao peso ingrato teu

Por que de ti - importuno mar - não me afasto?

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 05/11/2010
Reeditado em 08/11/2010
Código do texto: T2598670