RESSUSSITAR
RESSUSSITAR
Meu coração em mágoas letais se abandona.
Já não sente mais as antigas alegrias;
já não canta, a lira, as líricas poesias;
à melancolia há tempos pediu carona.
Sem cobertura, ao relento, nas noites frias
a alma que o tange em leito de morte ressona.
Em nocaute técnico beijou a suja lona
e a mente está sulcada por lanhos e estrias.
Só tu, mulher, tens o elixir que é sua vida;
tens nos dedos mimosos o poder da cura,
doce bálsamo que anestesia a ferida.
Só teu carinho, amor, devolverá a ventura;
a agonia da solidão será esquecida;
minh’alma morta, salva por tua meigura.
Afonso Martini
031110