FRAGMENTO

Sem teu calor na noite fria, triste,

nem sopros do teu ar que então respiro,

não ouço teu rumor e, só, suspiro,

por que não voltas para pôr-me em riste?

Com tuas flores vivas, vem e cobre

meu ser, meu corpo todo em teu apuro

e prende a minha vida em nó seguro,

manando tua água pura e nobre!

Preciso que atendas ao apelo:

Não deixes tão sedento o teu menino!

Teu suco, cada poro, cada pelo...

Pra eu não secar vazio, vão, inane,

fragmento, mutilado em vil destino,

faltando em mim a parte tua imane!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 26/10/2010
Reeditado em 09/11/2010
Código do texto: T2579020
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