VONTADE
Às vezes, paro assim, co'algo na boca
Que há muito, sementado na garganta,
Dá - me vontade, Deus!, vontade tanta
De pôr nos teus ouvidos toda a pouca
Certeza que teu corpo em mim invoca
Um misto de sentidos que decanta
Em meio à suavíssima lavanda
Das pequenezas da minh'alma louca!
Traguem os céus a paz da solidão
E a tempestade rubra da carência
Que em tudo faz - me ver - te aqui e, então,
Deem - me ao sossego, à flor de um beijo insípido!
Cansei de ter no peito a intermitência
Da mesma escravidão do meu espírito!