VONTADE

Às vezes, paro assim, co'algo na boca

Que há muito, sementado na garganta,

Dá - me vontade, Deus!, vontade tanta

De pôr nos teus ouvidos toda a pouca

Certeza que teu corpo em mim invoca

Um misto de sentidos que decanta

Em meio à suavíssima lavanda

Das pequenezas da minh'alma louca!

Traguem os céus a paz da solidão

E a tempestade rubra da carência

Que em tudo faz - me ver - te aqui e, então,

Deem - me ao sossego, à flor de um beijo insípido!

Cansei de ter no peito a intermitência

Da mesma escravidão do meu espírito!

Gabriel Castela
Enviado por Gabriel Castela em 25/10/2010
Código do texto: T2576853
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